Eu esquecerei a dor do meu coração...
Conta a lenda que tudo que cai nas águas deste rio as folhas,
os insetos, as penas das aves se transforma nas pedras do seu leito. Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atirá-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.
Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei. O frio do inverno fez com que eu sentisse as lágrimas no rosto, e elas se misturaram com as águas geladas que correm diante de mim. Em algum lugar este rio se junta com outro, depois com outro, até que distante dos meus olhos e do meu coração todas estas águas se confundem com o mar.
Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, para que meu amor nunca saiba que um dia chorei por ele. Que minhas lágrimas corram para bem longe, e então eu esquecerei o rio Piedra, o mosteiro, a igreja nos Pireneus, a bruma, os caminhos que percorremos juntos.
Eu esquecerei as estradas, as montanhas e os campos de meus sonhos sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.