Y-MEN?
PARA PESQUISADORES, CROMOSSOMO Y PODE ESCAPAR DA EXTINÇÃO
Apesar de passar por encolhimento e degeneração, ele parece ter encontrado maneira de salvaguardar sua integridade genética
A história evolutiva do cromossomo Y revela um encolhimento progressivo dessa marca genética da masculinidade -- tão radical que alguns pesquisadores, como o britânico Bryan Sykes, da Universidade de Oxford, acham que ele está condenado a desaparecer. Por outro lado, há sinais de que ainda resta uma esperança para o Y, a julgar por um recém-descoberto processo de regeneração do cromossomo.
Os estudos genéticos indicam que o cromossomo Y apareceu na história evolutiva há cerca de 300 milhões de anos, quando os ancestrais reptilianos dos atuais mamíferos e do homem desenvolveram um gene da masculinidade -- bastaria possuí-lo para ser macho. O cromossomo Y passou a ser o que abrigava esse gene. Outro cromossomo muito parecido passou a ser o X, que, quando em dobro, produzia uma fêmea. Assim, no começo, eles eram quase idênticos.
No entanto, a mudança acabou gerando um problema: a recombinação, ou seja, a troca de pedaços de DNA entre o X e o Y, acabou se mostrando nociva, causando uma série de problemas tanto para machos quanto para fêmeas. Assim, o Y acabou se isolando. A recombinação, porém, é um processo importante para corrigir erros de cópia de DNA que acabam inutilizando genes. O resultado foi que, ao longo de milhões de anos, o Y foi ficando cada vez mais degenerado, passando de cerca de 1.000 genes para apenas uns 80 hoje. Nos cangurus, só sobrou um único gene, o SRY, que determina a formação dos testículos.
Sykes, em seu livro "Adam's Curse" (maldição de Adão), diz acreditar que o processo continuará indefinidamente, podendo levar à extinção dos machos humanos daqui a 125 mil anos se nada for feito. Por isso, ele sugere transferir os genes essenciais do Y para outro cromossomo.
Porém, outros pesquisadores, como David Page, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), acharam sinais de que a situação do Y não é tão terrível assim। Ele parece usar seqüências repetitivas no seu interior para corrigir pelo menos em parte seus defeitos. Tais seqüências são palíndromos -- podem ser lidas da mesma maneira de trás para frente, como a palavra "uau". Com a ajuda deles, o Y poderia ser capaz de evitar seu próprio sumiço, de acordo com Page.