A história oficial do Amazonas




HISTÓRIA DO AMAZONAS

O nome "Amazonas" é de origem indígena, da palavra amassunu, que quer dizer "ruído de águas, água que retumba". Foi originalmente dado ao rio que banha o Estado pelo capitão espanhol Francisco de Orellana, que ao descê-lo em todo o seu comprimento, em 1541, a certa altura encontrou uma tribo de índias guerreiras, com a qual lutou. Associando-as às amazonas que, segundo a mitologia grega, viviam às margens do rio Termodonte, na Capadócia, deu-lhes o mesmo nome.

Após relatos enviados à Europa por Orellana, a cobiça pela região tornou-se constante. Portugal, França, Holanda e Inglaterra começaram a fazer explorações e retirar, principalmente, a madeira local. Em 1750, no entanto, a Espanha cedeu toda a imensa área a Portugal nas negociações do Tratado de Madri (1750). Nas décadas seguintes são construídas fortalezas para a defesa da região, que foi transformada, em 1755, na Capitania de São José do Rio Negro. Em 1850, Dom Pedro II cria a Província do Amazonas - que desde a Independência até 1832 estivera incorporada ao Pará -, com capital em Manaus, antiga Barra do Rio Negro. Em 1866, quando começa a crescer a importância da borracha para a economia local, o rio Amazonas é aberto à navegação internacional.

Devido aos interesses comerciais portugueses que não viam na região a facilidade em obter grandes lucros a curto prazo, pois a região era de difícil acesso e não se conhecia a existência de riquezas (ouro e prata), a ocupação do lugar onde se encontra hoje o município de Manaus foi demorada. As primeiras manifestações de ocupação da região ocorreram por meio das tropas de resgate que, com o objetivo de capturar escravos invadiram a região à caça de indígenas. Ao redor do pouso das tropas, constituíam-se os aldeamentos dos índios que, em seguida, eram pacificados pelos religiosos ou simplesmente exterminados.

No início do século XX, a exploração da borracha levou grande riqueza para a região. Na condição de principal produtor da matéria-prima, O Amazonas conheceu, entre 1890 e 1910 a chamada "fase áurea da borracha". Nesse período, Manaus atraiu imigrantes estrangeiros e do Nordeste brasileiro e passou por mudanças significativas do ponto de vista demográfico, cultural e de infra-estrutura.

A partir de 1892 as construções tomam conta da cidade, que ganha o serviço de transporte coletivo de bondes elétricos, telefonia, eletricidade e água encanada, além de um porto flutuante que passa a receber navios dos mais variados calados e de diversas bandeiras.

A partir de 1910, com a decadência econômica imposta pela exploração intensiva da borracha nas colônias inglesa e holandesa do Oriente, notadamente na Malásia, o Amazonas ingressa, no entanto, num longo período de estagnação. É o fim do chamado ciclo da borracha.

Somente a partir de 1950 o Estado começaria, gradativamente, a retomar o crescimento por meio de incentivos do Governo Federal. Esse processo culminou com a criação, em 1967, da Zona Franca de Manaus, que introduziu a industrialização na região Amazônica.


O ESTADO HOJE

O Amazonas é o maior Estado brasileiro. Ocupa uma faixa de 1.570.946,8 Km2 do território nacional, o equivalente a mais de 18% da superfície do País. Fica no centro da Região Norte, no coração da Floresta Amazônica. A linha do Equador atravessa o Estado, que é cortado por rios (os mais importantes são o Solimões, o Amazonas, o Juruá, o Purus, Negro e Japurá).

O clima predominante no Estado é o equatorial úmido, com temperatura média/dia/anual de 26,7º , com variações média/dia de 23,3º a 31,4º. Como os demais Estados da Região Amazônica, possui apenas duas estações climáticas: a chuvosa (que vai de dezembro a maio) e a seca ou menos chuvosa (de junho a novembro), quando a temperatura pode chegar a 40º, sobretudo no mês de setembro.

Com uma população de 2.812.557 habitantes (Censo IBGE/2000) - metade dela (1.405.835 habitantes) concentrada na capital, Manaus -, o Amazonas tem hoje uma economia baseada, principalmente, nas atividades de extrativismo, mineração, pesca e indústria. Esta última, responde sozinha por 56,9% do Produto Interno Bruto amazonense e está basicamente restrita à capital, onde está instalado o coração da Zona Franca de Manaus: um pólo industrial com quase 500 empresas.

O Estado é formado por 62 municípios, a maior parte deles fica às margens dos rios que cortam a região. Esses mesmos rios funcionam como verdadeiras “estradas” para a população do interior, uma vez que o Amazonas dispões de poucas rodovias estaduais e das três federais que passam pelo Estado- BR-319, BR-230 (Transamazônica) e BR-174 –, apenas esta última encontra-se em boas condições de tráfego. Não há ferrovias no Amazonas e além do transporte fluvial (que internamente é predominante) a outra opção é o transporte aéreo.

Manaus sofreu grandes transformações nas duas últimas décadas. Obras de infra-estrutura conferiram feições modernas à cidade que ganhou viadutos, passagens de nível, grandes avenidas e passou a experimentar os efeitos negativos de um forte crescimento populacional desordenado. Grandes bairros se formaram e continuam se formando na periferia da cidade, mas a maioria deles a partir de enormes áreas de invasão, um problema que impõe constante desafio às administrações municipal e estadual.

Se de um lado a capital ostenta, hoje, a condição de cidade com o 4º maior PIB do País - segundo dados do IBGE -, de outro a esmagadora maioria das cidades do interior continua estagnada do ponto de vista econômico e de seus indicadores sociais. As características geográficas do Estado – sobretudo suas dimensões territoriais – e a ausência de políticas consistentes de desenvolvimento voltadas para o interior, continuam a submeter suas populações ao verdadeiro isolamento.

O Amazonas responde, sozinho, por aproximadamente 60% da arrecadação de impostos federais na chamada 2ª Região Fiscal, que engloba toda a Região Norte, exceto Tocantins. No ano passado, a arrecadação tributária estadual foi da ordem de R$ 3,2 bilhões.

A cidade de Coari (a 375 quilômetros de Manaus) é uma das poucas privilegiadas em termos de atividade econômica graças à existência, no município, da Província Petrolífera de Urucu. , de onde a Petrobrás extrai petróleo alta qualidade, sendo o mais leve dentre os óleos processados nas refinarias do país. Essas características resultam em seu aproveitamento especialmente para a produção de gasolina, nafta petroquímica, óleo diesel e GLP (gás de cozinha). A produção média de petróleo em Urucu é de 56,5 mil barris por dia, enquanto a de gás natural é de 9,7 milhões de metros cúbicos por dia. Esse volume faz do Amazonas o segundo produtor terrestre de petróleo e o terceiro produtor nacional de gás natural, e do município de Coari o maior produtor terrestre. A produção de Urucu abastece os estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá e parte do Nordeste.

A Petrobrás se prepara para construir um gasoduto que permitirá explorar comercialmente as reservas de gás natural de Urucu e permitirá a mudança da matriz energética do Estado.

A Refinaria Isaac Sabbá, em Manaus, tem capacidade para produzir 46 mil barris/dia. A unidade tem entre seus principais produtos o GLP (gás de cozinha), nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve para turbina elétrica, óleo para geração de energia, asfalto.

TURISMO/CULTURA

A culinária manauara é caracterizada pela utilização de uma grande variedade de peixes provenientes da própria bacia do rio Amazonas. Entre os destaques, podemos encontrar o "pirarucu de casaca" feito com o peixe pirarucu e banana pacovã, o "tambaqui grelhado" outra espécie de peixe encontrada na região. Ingredientes como coentro, óleo de dendê, além da farinha de mandioca, também denominada de farinha d'água ou amarela, são freqüentemente utilizados. Há uma grande variedade de frutas da região bastante apreciadas pelos visitantes entre elas a graviola, o cupuaçú, o açaí, o genipapo, o bacuri, a pupunha e o tucumã.

Belezas Naturais:

O turismo ecológico é a grande atração dos roteiros de viagens pela Amazônia, proporcionando ao turista a oportunidade de conhecer e aprender a respeito da floresta tropical e de seus habitantes. Seu objetivo principal é promover a interação do homem com a natureza e a valorização da rica diversidade biológica da região. O turismo ecológico no Estado inclui programas de viagens de barco, pernoites em hotéis de selva e passeios pela floresta.

A aproximadamente 10 quilômetros de Manaus, as águas escuras do rio Negro se encontram com as águas barrentas do rio Solimões, correndo lado a lado, sem se misturarem, por uma extensão de cerca de seis quilômetros, quando passam então a formar o rio Amazonas, até chegar ao oceano Atlântico. Esse fenômeno, batizado pelos amazonenses de “Encontro das Águas” e que tanto encanta os turistas que visitam o Estado, decorre das diferenças de densidade, temperatura e velocidade de ambos os rios.

Situado no rio Negro, o arquipélago de Anavilhanas, formado por 400 ilhas que abrigam complexo ecossistema da Amazônia, é outra atração belíssima. A região está protegida por legislação federal que criou a Estação Ecológica de Anavilhanas, com área de 350 mil hectares. No período das cheias do rio Negro, metade das ilhas fica submersa e os animais têm que se refugiar nas partes mais elevadas. Quando as águas começam a baixar, as ilhas deixam à mostra praias e canais que entrecortam toda a região como uma rede, num percurso de aproximadamente 90 quilômetros. A região de Anavilhanas encontra-se próxima ao Parque Nacional de Jaú, a maior reserva florestal da América do Sul, com 2,27 milhões de hectares, também banhada pelo rio.

Em todo o Amazonas existem vários parques nacionais ecológicos, entre os quais se destaca o Parque do Pico da Neblina, localizado no município de São Gabriel da Cachoeira. É o segundo maior parque brasileiro e o terceiro de toda a América Latina, abrigando um conjunto de montanhas que ocupam 2,20 milhões de hectares. O parque não possui uma estrutura para visitação turística, mas é alvo permanente da atenção de cientistas e pesquisadores e de expedições organizadas pelas Forças Armadas.

Mais próximo de Manaus encontra-se o Parque Ecológico de Janauary, localizado na região do rio Negro, com área de 9 mil hectares. Possui matas de terra firme, igapós e de várzea, onde os turistas podem passear de canoa, apreciando a vegetação típica dos igarapés. Contém ainda um lago, onde se encontra grande quantidade de vitórias-régias, planta típica da Região. O Parque de Janauary é administrado por um consórcio turístico formado por empresas do setor, com a cessão do Governo do Estado.

Manifestações Culturais:

O folclore amazonense possui forte característica indígena mas também traduz a influência marcante das culturas portuguesa e nordestina. No interior do Estado são comuns as festas religiosas que comemoram os santos padroeiros. O Festival Folclórico de Parintins, com a disputa entre os bois-bumbás Garantido e Caprichoso é a mais famosa festa popular do Estado. Acontece no mês de junho no município que fica a 375 quilômetros de Manaus, e atrai milhares de turistas de dentro e de fora do País. Há também a Festa do Guaraná, em Maués (município que já foi o maior produtor do fruto) e outras de menor porte, como a Festa do Cupuaçu, em Presidente Figueiredo, município conhecido como a terra das cachoeiras.

Riqueza Arquitetônica (pontos turísticos):

Em meio às construções modernas que cada vez mais tomam conta da cidade, Manaus exibe verdadeiras jóias arquitetônicas construídas entre o fim do Século XIX e início do Século XX. O Teatro Amazonas é o símbolo maior desse patrimônio arquitetônico. Sua história tem início em 1881, quando o deputado A. J. Fernandes Júnior apresentou o projeto para a construção de um teatro em alvenaria, na cidade. A proposta foi aprovada pela Assembléia Provincial do Amazonas e começaram as discussões a respeito da construção do prédio. Manaus, que vivia o auge do Ciclo da Borracha, era uma das mais prósperas cidades do mundo, embalada pela riqueza advinda do látex da seringueira, produto altamente valorizado pelas indústrias européias e americanas. A cidade necessitava de um lugar onde pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção do teatro, assim, era uma exigência da época. O projeto arquitetônico escolhido foi o de autoria do Gabinete Português de Engenharia e Architetura de Lisboa, em 1883. No entanto, em meio às discussões a respeito do local para a edificação e os custos da obra, a pedra fundamental só foi lançada em 1894. As obras transcorreram de forma lenta e somente no governo de Eduardo Ribeiro, no apogeu do Ciclo da Borracha, a construção tomou impulso. Foram trazidos arquitetos, construtores, pintores e escultores da Europa para a realização da obra. A decoração interna ficou ao encargo de Crispim do Amaral, com exceção do salão nobre, área mais luxuosa do prédio, entregue ao artista italiano Domenico de Angelis. A sala de espetáculos do teatro tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a platéia e os três andares de camarotes. No salão nobre, com características barrocas, destaca-se a pintura do teto, denominada “A Glorificação das Bellas Artes na Amazônia”, de 1899, de autoria de Domenico de Angelis. Destacam-se os ornamentos sobre as colunas do pavimento térreo, com máscaras em homenagem a dramaturgos e compositores clássicos famosos. Sobre o teto abobadado estão afixadas quatro telas pintadas em Paris pela Casa Carpezot - a mais tradicional da época -, onde são retratadas alegorias à música, dança, tragédia e uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes. Do centro, pende um lustre dourado com cristais, importado de Veneza, que desce até ao nível das cadeiras para a realização de sua manutenção e limpeza. Destaca-se, ainda na sala de espetáculos, a pintura do pano de boca do palco, de autoria de Crispim do Amaral, que faz referência ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões. O Teatro possui diversos ambientes, concebidos com diferentes materiais, daí ser considerado um espaço sobremaneira eclético. É, sem dúvida, o mais importante prédio da cidade, não somente pelo seu inestimável valor arquitetônico, mas principalmente pela sua importância histórica, uma prova viva da prosperidade e riqueza vividos na fase áurea da borracha. O Teatro é referência para espetáculos regionais, nacionais e internacionais. Desde 1999, sua programação abriga o Festival Amazonas de Ópera, que acontece anualmente, entre abril e maio.
O prédio da Alfândega do Porto é outra construção histórica. Faz parte do complexo arquitetônico que inclui ainda a Guarda Moria e foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1987, junto com o Complexo Portuário. Inaugurados oficialmente em 1906, o prédio foi construído pela firma inglesa Manaos Harbour Limited, como parte do contrato de concessão do Porto de Manaus. Em estilo eclético, com elementos medievalistas e renascentistas, trata-se do primeiro prédio pré-fabricado do mundo.O edifício foi construído em blocos de tijolos aparentes, pré-montados e importados da Inglaterra, uma reprodução dos prédios londrinos do início do século.

O Mercado Municipal Adolpho Lisboa, construído de frente para o Rio Negro, no período áureo da borracha, também merece destaque. Em estilo art noveau, foi oficialmente inaugurado em 1882 e é considerado uma réplica do extinto mercado Les Halles, de Paris. Em 1906, o mercado foi arrendado para a empresa inglesa Manáos Markets. O contrato foi rescindido em 1934 e o mercado voltou à administração municipal. Até hoje, o funciona como um centro de comercialização de produtos regionais.

Construído para ser a residência de um rico comerciante da borracha, o alemão Waldemar Scholtz, o Palácio Rio Negro é outra atração turística da cidade. Foi inaugurado no final do século XIX e ficou conhecido na época de sua construção como Palacete Scholtz. Em 1911, o prédio foi hipotecado ao Coronel Luiz da Silva Gomes, rico seringalista da época, que o arrendou ao Estado. O local, então, além de sediar o Governo Estadual, passou a ser a residência oficial do governador. Em 1918, o Estado comprou definitivamente o imóvel, que começou a ser chamado de Palácio Rio Negro. Durante muitos anos, o prédio abrigou o poder executivo estadual, até que em 1995 a sede do governo foi transferida para outro local. Foi tombado como Patrimônio Estadual em 1980, logo após sua última restauração. Funciona atualmente no prédio o Centro Cultural Palácio Rio Negro, que promove exposições de arte, shows, peças teatrais e outras atividades culturais.

A FLORESTA AMAZÔNICA

A Floresta Amazônica – a maior e mais rica floresta tropical do planeta - tem uma extensão de 5,5 milhões de km² e distribui-se mais ou menos da seguinte forma, dentro e fora do território nacional: 60% no Brasil, e o restante (40%) pela Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Os 60% correspondentes ao Brasil constituem a chamada Amazônia Legal, abrangendo os Estados do Amazonas, Amapá, Mato Grosso, oeste do Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado. Todos os elementos (clima, solo, fauna e flora) estão tão estreitamente relacionados que não se pode considerar nenhum deles como principal. Nela estão fixadas mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono. Sua massa vegetal libera algo em torno de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, via evapotranspiração, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre. Além de sua reconhecida riqueza natural, a Amazônia abriga expressivo conjunto de povos indígenas e populações tradicionais que incluem seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaçueiras, entre outros, que lhe conferem destaque em termos de diversidade cultural. É um verdadeiro patrimônio sócio-ambiental brasileiro.

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