ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA


Por Alberto de Oliveira
GAZETA DE UBERLÂNDIA

Plagiar isto ou aquilo, é hoje muito comum neste mundo de meu Deus. Principalmente entre artistas sertanejos, humoristas, profissionais dos meios de comunicação, bem como escritores e políticos de carreira.

Certa vez, quando era debatido na Câmara de vereadores um projeto que visava a criação de um Parque Gráfico para servir aos dinâmicos e sempre incansáveis representantes da brava galera uberlandense, um suplente que acabava de tomar posse como vereador, defendia com muita garra esta requerida criação.

Em sua justificativa, dizia ele, que "Ora, se o Congresso Nacional tem o seu parque gráfico, por que então nossa Câmara não pode ter o seu"? Foi um festival de risadas, pois, ali ficou patenteado o primeiro plágio por parte daquele neófito.

Em uma outra época, quando já estava para ser aprovado o uso de coletes à prova de balas para os deputados estaduais e federais, um vereador de uma pequena cidade mineira apresentou a seus pares um projeto em que aquela edilidade seria beneficiada, também, com os tais coletes de proteção. Só que aquele vereador, no embalo de sua empolgação, estendia em seu projeto, além dos 10 coletes para os 10 vereadores que compunham o Legislativo local, mais 1.200 para proteção também dos 1.200 moradores daquela sua cidade.

Lembro-me de quando muitos brasileiros em suas mais variadas atividades profissionais usaram e até mesmo abusaram da imitação de alguns trechos da carta-denúncia escrita e deixada pelo presidente Getúlio Dornelles Vargas, documento relevante e de sentido histórico que emocionou milhões de cidadãos desta nossa Pátria-mãe.

Foram muitos os que se inspiraram naqueles tópicos mais acadêmicos, sentimentais e patrióticos, que levaram grande parte do povo a se sentir também traído pelas então chamadas "forças estranhas", agudamente referidas pelo presidente Vargas. Os políticos, então, foram aqueles que deitaram e rolaram com o plágio de palavras, frases e tópicos daquele emocionante documento histórico. Uma das frases usada na carta do presidente Vargas que mais emoção causou a milhares de brasileiros, e que mais fora plagiada por representantes políticos foi esta: "O povo de quem fui escravo, jamais será escravo de ninguém".

Depois destas considerações, pode-se dizer que o plágio não pode ser considerado como próprio destas ou daquelas pessoas, pois que todos nós em alguns momentos somos também levados a imitar ou plagiar. A exemplo, quando as pessoas estão mais isoladas, nas horas do banho, no trabalho ou no quarto de dormir, não raramente muitos se põe a cantarolar canções inesquecíveis de seus astros preferidos, mas... sempre com o desejo de imitar.

Um meu vizinho, gente fina à bessa, é um destes plagiadores que está sempre querendo tirar uma de Francisco Alves em "Cinco Letras que Choram"; Nelson Gonçalves, em "A Volta do Boêmio"; Carmem Miranda em "Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim...", ou mesmo tentando imitar Cauby Peixoto nesta sua magistral interpretação: "Conceição, eu me lembro muito bem..../ vivia no morro a sonhar/ com coisas que o morro não tem...", etcetera e tal. Afinal de contas, no espaço em que a imitação vem se tornando fato corriqueiro e aceito por milhões de pessoas que se dizem despretensiosas, fica realmente difícil ou quase impossível a recomendação de que o plágio sempre foi e continuará sendo até a consumação dos séculos, além de um atestado de incompetência uma bobagem das grandes...


FONTE: http://www.gazetadeuberlandia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=955:atestado-de-incompetencia&catid=minha-opiniao&Itemid=266

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