Se eu soubesse que chorando como o Tokay...
A nuvem... Uma hora ela está lá... Outra hora não está mais... Como diria meu grande amigo. Por quem os sinos dobram em Timor-Leste? Pelos gritos contidos e sufocantes dos desaparecidos, das almas tristes que vagam pelas ruas de Dili, de pessoas que vêm e vão, como se não tivessem destino, apenas seguindo passos como reféns.
Se eu soubesse que chorando, sufocaria meu turvo coração, acalmaria o crocodilo errante, como o faria. Ontem ao olhar o mar, em seus dias de feto tasi, o mar bravio desses dias de julho, fiquei a pensar em nossos olhos, como dois rios, que impedem a passagem dos outros.
Nossos caminhos sem perspectivas, sem um horizonte, todos os dias o amanhecer faz alusão a um novo dia, e todos os dias penso que o que passou, passou, mas não, o mundo conspira para nos mostrar nossos erros.
Então fico a perceber as mulheres timorenses, de cabelos pretos anelados, com olhos castanhos delicados, e diria bem dentro de mim, ao perceber que há vida aqui também: quem não ama a cor morena morre cego e não vê nada, repetindo versos de uma antiga canção.
As nuvens, nuvens de verão nos céus de Timor-Leste, nuvens que parecem claras e transparentes, mas que ao cair da tarde, se escurecem, como pessoas a quem desconhecemos, ou pensamos conhecer, mas que de repente se escurecem também. As nuvens escuras anunciam tempestades, os rostos sérios e sombrios anunciam guerras.
Como se defender de inimigos que não são totalmente maus ou totalmente bons, se o ser humano sempre é tão inconstante.
Vamos celebrar a morte, como cultura, como benzer as plantas do jardim com água de coco, ao entoar versos à Gaia, ou a um ser divino. O Timor-Leste parece cenário dos contos de Dickens, como os melhores e os piores dias daqueles tempos, ou seria Judland, o reino de Hamlet, de famílias que se traem e se destroem tão rápido quanto se unem. Por que o homem é tão bom em destruir, e tão péssimo em construir.
Imitando um título de um antigo filme... Em cada coração, um pecado!
Calma Tokay... chorar não muda nada.