Do tempo que esperei por minha vez
Hoje recebi uma notícia, de alguém que está a chegar, de alguém que virá para nos ouvir, mas, eu não queria lhes falar. Não acredito que alguém necessite saber de minha solidão ou de minha solidez. Entretanto, foi por tanto tempo que esperei por minha vez, que quando chega esse dia, ele me encontra com minhas mãos cheias de nuvens.
Poderia a nuvem que está em minhas mãos, escorrer e desaparecer com uma gota de chuva ao pé da montanha, que cai e a faz beijar a ribeira, para depois abraçar o mar.
Se tudo acaba em tempestade, por que o vento não pode vir e levar as nuvens sombrias para longe de Bidau, para longe de Balide, para bem longe de Dili. É por isso que a montanha tem ciúmes. Ciúmes dos raios que caem sem destino, que acertam alvos inocentes. Será mesmo verdade que o bem vence o mal, e espanta o temporal. E ao chegar a tarde, quem sabe as nuvens podem dormir ao luar e anoitecer a me esperar.
Amanheço a te esperar... assombro me causa o amor que me busca. Que vive e reina sobre nossos corações, e que a todos chama a sua voz... será a nuvem ou a chuva, ou mesmo a montanha que viverá para me amparar e minha alma acalentar.
Do tempo que esperei por minha vez, e que por mim tem grande anseio. Se sou forte, sou guerreiro, sou firme como as montanhas de Dili, então pelas nuvens eu vencerei, e a morte, eu conquistarei. E no final como grande guerreiro prepararei o meu lugar, no céu, que é meu eterno lar. O lugar em que viverei para me alentar, para minha angústia sossegar. Para meu turvo coração calmar e por fim, um novo alento inspirar.
Quem tem conselhos para mim, mande a paz sem fim. Meu mundo será guiado por ternura. Que venham as notícias, que se clareiem as nuvens, que sorriam todos os rostos, o tempo que esperei está a chegar.