No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.


"Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade." Assim disse Confúcio.

Vinícius de Moraes um dia disse que a gente não faz amigos, mas reconhece-os. Então, começo hoje falando sobre esse tema: a amizade reconhecida, e me pergunto por que nos identificamos com algumas pessoas e repudiamos outras, e porque nos enganamos e muitas vezes achamos que alguém que tudo a ver com a gente, e de repente, vem a desilusão.

Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência, diria Oscar Wilde, mas se escolho amigos pela beleza, a única beleza que me atrai é a beleza interior, que se confunde com o caráter ou, que é o caráter. Nunca quis escolher inimigos, pois isso não se escolhe, se é escolhido, e no Timor-Leste, normalmente, esses inimigos é que nos escolhem, mas depois de algum tempo, ninguém lembra os motivos, só fica a mágoa, porque aqui tudo é tão pequeno, tão medíocre que se torna difícil acreditar se seu inimigo é realmente inteligente.

Mas uma coisa aprendi nessa terra de promissão chamada Timor-Leste: ter muitos amigos é não ter nenhum, melhor cultivar os que se reconhece, somente. Afinal, o amor sempre morre na verdade, coisas que se diz e que se magoam, entretanto a amizade morre na mentira, por isso se destrói para sempre.

Quando vivemos um momento difícil, isso nos torna mais humanos, mas também enxergamos o que não gostaríamos, que nem sempre seu amigo é realmente seu amigo. Mas, se até aqui caminhamos juntos, passamos aldeias, sucos e distritos de Timor-Leste. Sabemos que não faltaram os grandes obstáculos, os humanos sempre são os mais difíceis. E frequentes foram as conspirações, e uma pena, mas também poucas foram as pontes humanas para transpor os abismos... vivemos numa terra de omissão e deturpações de valores, um lugar onde a confiança perdida nunca mais é reconquistada, e as idas e vindas são realidade sempre presente.

Os amigos que nos escolhem, juntos, percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, nos reconhecemos no poder do coração.

Penso no final do ano, no momento de dizer adeus, no momento de cada um seguir viagem sozinho... quantas vidas terão sido vividas, quantos sonhos perdidos, quantas experiências compartilhadas em um percurso que sirva de alavanca para alcançarmos a felicidade e o sucesso, na volta ao nosso mundo real, nosso lar.

Antes da partida já há a saudade e a esperança de um reencontro, nessa ou na outra vida. São muitos os motivos que nos separam: a distancia é o maior deles. Por isso, quando nos separarmos, seguindo nossos caminhos, sinto que uma página bem grande será virada, e vai doer bastante em muitos de nós.

As amizades sobreviverão nos MSN, mas aos poucos, isso também se distanciará, mas, anseio que sempre seremos gratos àqueles amigos que, mesmo de fora, mas sempre presentes, nos
quiseram bem e nos apoiaram nos bons e nos maus momentos.

Acredito que só há uma despedida final, que é a morte, entretanto, a despedida que se aproxima, será difícil, pois, nunca mais nossos sonhos e desejos se cruzarão como nos dias de hoje. Por isso, vamos viver o hoje, como se fosse o sempre, aproveitar nossas companhias, e sermos felizes... só por hoje.

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