ATAÚRO EM BUSCA DA SUSTENTABILIDADE
UMA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A ILHA DE ATAÚRO, TIMOR-LESTE, SUDOESTE ASIÁTICO
Erivelto Rodrigues
Biólogo membro da Cooperação Internacional Brasil/Timor-Leste, atuando no Instituto Nacional de Formação Profissional e Contínua , na capital timorense, Díli, Timor-Leste.
teixeiraer@yahoo.com.br +670 741 11 10
INTRODUÇÃO
Este artigo é uma proposta de desenvolvimento sustentável para os habitantes da ilha de Ataúro, em Timor-Leste. Consiste em uma série de ações multiplicadoras que visem despertar no público-alvo primordial, o pescador, a sensibilização sobre as fontes alternativas de renda que podem existir, a serem exploradas na ilha de Ataúro, bem como, despertar neste, o sentimento de cooperativismo. Levando à união da classe dos pescadores, para buscar reivindicar em grupo, soluções para problemas do cotidiano das populações tradicionais da ilha de Ataúro. Oferecem-se propostas que busque integrar a população de Ataúro aos programas de desenvolvimento do governo de Timor-Leste, um país que busca na integração, a solidificação da nação.
O Timor-Leste, é a mais nova nação do mundo, possui um território estimado em 15.000.000 km2, localiza-se na metade leste da ilha de Timor, a outra metade é um estado indonésio. Possui ainda um enclave dentro do território indonésio chamado de Oecussi, a oeste da ilha, com 815 mil Km2. O Timor- Leste possui também duas ilhas, uma a norte de Díli, chamada de Ataúro, com 141 mil km2, e outra na ponta leste do país, a ilha de Jaco, com 11 mil km2.
Apesar de ser um país pequeno territorialmente, possui uma população estimada em 1 milhão de habitantes. A riqueza étnico-cultural de Timor-Leste é bem singular entre as dezenas de grupos sociais, crenças religiosas e idiomas que o compõem, contribuindo para a cor e riqueza cultural do povo timorense.
A maioria da população timorense se dedica à agricultura, essencialmente orientada para o consumo interno, o que se classifica como agricultura familiar de subsistência, com o café como o grande potencial de exportação da nação. Entretanto, a atividade pesqueira ainda é responsável pela fonte de renda e alimentação de muitas famílias, principalmente na ilha de Ataúro. Igualmente começa a se destacar o emergente setor do turismo, calcado principalmente na localização do país, que está próximo do maior centro turístico do sudeste asiático na atualidade, a ilha de Bali, na Indonésia.
Nossa proposta visa à concretização de políticas de desenvolvimento sustentável que levem à abertura de novos caminhos para a efetiva cidadania do povo de Ataúro, em especial dos timorenses que sobrevivem da pesca artesanal. Com essa cidadania efetivada, buscamos excluir os limites que a colocam apenas como um conjunto de regras legais mediadoras de um contato entre o homem timorense e suas autoridades constituídas.
Formar o cidadão implica no despertar de seus direitos e deveres, consciência compartilhada por poucos na atualidade. O fortalecimento da cidadania de um povo está centrado na mobilização da população contra as desigualdades sociais, típicas de uma nação em desenvolvimento. Essa proposta é um pequeno passo na construção de uma nação mais justa, um lugar verdadeiramente democrático, marcado pelo direito à liberdade e à diversidade, centrado na busca pela sustentabilidade da ilha de Ataúro, em Timor-Leste.
Ao sensibilizar o homem de Ataúro em seus brios que almejam um futuro mais digno a seus filhos, vislumbra-se, então, nessa nova noção de cidadania um princípio norteador de sua ação, almeja-se ao intervir na ilha de Ataúro alterando o cotidiano de seus habitantes, atuando junto a outras organizações, fóruns e redes nacionais e internacionais, comprometidos com a transformação social.
Justificativa
Nossa trajetória está sendo traçada no que de verdade existe na ilha de Ataúro. Sem a necessidade de buscar no mundo externo uma fonte de subsistência. Nossa idéia é de um novo tempo, não como algo que nos governa, mas como algo que tecemos a partir de nossos próprios anseios. Usufruir tudo que a natureza nos proporciona em benefício do ser humano, sem que com isso seja necessário colocar em risco o meio ambiente. Este meio é o fio norteador de uma política de desenvolvimento sustentável cujo alicerce é o cidadão de Ataúro. Ao construir nossa trajetória, revisitamos nossa história como nação livre, quem somos e onde vivemos. Delimitamos todo o potencial de desenvolvimento que a ilha de Ataúro possa oferecer e os caminhos que podem se abrir para fortalecer a busca pela sustentabilidade de Ataúro. A Estação Missionária “Estação da Vida” está a frente deste projeto, por entender os anseios das populações tradicionais da ilha, e suas dificuldades em buscar fontes de renda alternativas. Essa proposta para Ataúro foi desenvolvida pelo biólogo brasileiro Erivelto Rodrigues, membro da Cooperação Internacional Brasil/Timor-Leste, atuou em seu país de origem com a Colônia de Pescadores Z-33, e na Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais do Amazonas, e no plano de monitoramento de elasmobrânquios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente.
Objetivo Geral
Oferecer à população de Ataúro ações mutiplicadoras de integração da sociedade com o homem, através da construção de um museu e de um centro de convivência para os pescadores.
Objetivos Específicos
1. Reconstruir a história da população de Ataúro, a memória do exílio da ilha, e retratá-la em um local propício, o Museu do Homem de Ataúro;
2. Integrar a colônia de pescadores de Ataúro, com a construção do Centro de convivência do pescador, e oficinas de consertos de motores de barcos e carpintaria;
3. Oferecer no Centro de Convivência do Pescador cursos livres de formação de jovens guias turísticos para a ilha de Ataúro e de educação ambiental com ênfase em biologia marinha;
4. Criar o Centro Gastronômico de Ataúro, no Centro de Convivência do Pescador para oferecer à população cursos de técnicas de conservação de peixes, agregando valor ao pescado, montar um restaurante comunitário especializado em frutos do mar e seus derivados;
5. Buscar subsídios para desenvolver pequenos centros de piscicultura na modalidade “pesque e pague” e na criação familiar do pescado;
6. Sistematizar e realizar atividades de práticas de esportes para turistas, como mergulho, passeios ecológicos a pé e de bicicletas, montanhismo, ralis, rapel e trilhas ecológicas;
7. Realização da regata ecológica entre os pescadores.
O PLANO DE TRABALHO
1. Museu do Homem de Ataúro
O etnoconhecimento é uma das ferramentas principais para se resgatar a história de um povo. Esse é um tempo em que a questão da identidade socio-cultural do homem emerge como fator determinante na perpetuação da história de um povo, colocando para o povo de Ataúro um desafio na intensificação de sua ação em torno do reconhecimento do passado do homem de Ataúro, fortalecendo a produção de novos conhecimentos.
É o tempo, também, de ao fazer a retrospectiva dos sonhos e das realidades de um povo, buscar suas perspectivas, ao avançar no debate sobre o futuro que o homem de Ataúro espera para seus descendentes, como fruto de reflexões do passado e de ações no presente em torno das relações de gênero e a participação política em um futuro vindouro.
O estudo do etnoconhecimento será centrado nas populações tradicionais, através de questionários e entrevistas. Buscando em depoimentos e testemunhos dos habitantes da ilha, um retrato preciso do perfil do homem de Ataúro, seu passado e seu presente. Esse material será transformado em pôsteres, filmes e fotografias.
2. Centro de convivência do pescador
A consolidação das atividades econômicas que impactam sobre o desenvolvimento sustentável, faz emergir novas questões sociais e políticas, que simplificam o pensamento e a prática da implementação de novas idéias, de novos caminhos para o pescador timorense.
Nesse contexto, o fortalecimento da pesca e da organização comunitária vinculada à garantia dos territórios, passando a envolver, também, o enfrentamento do ecoturismo. A construção de um local de referência para o pescador cria uma identidade profissional, que aproxima as pessoas, que as faz discutir e lutar por anseios comuns a toda uma classe de profissionais. O centro de convivência do pescador será marcado por um intenso fortalecimento de sujeitos coletivos, como a consolidação da formação de uma colônia para pescadores e de movimentos nacionais construídos, sobretudo, a partir do monitoramento de políticas públicas de desenvolvimento, e das ações estatais de fomento à indústria pesqueira.
O Centro de Convivência do Pescador – CCP será montado numa antiga instalação pública já existente na ilha de Ataúro, que será reformada para abrigar a Colônia de Pescadores, o Museu do Homem de Ataúro, o Centro Gastronômico e as salas de aula para os cursos livres e um stand de atendimento ao turista.
3. Cursos livres de formação de jovens guias turísticos e de biologia marinha
É tempo de buscar um novo futuro a nossos jovens de Ataúro, oferecer-lhes uma perspectiva de futuro, de sonhar, de realizar anseios, de fixá-los na sua terra natal, a ilha de Ataúro. Os cursos de formação de jovens guias turísticos prezam pela multiplicidade de ações e sujeitos: organizações, pessoas, homens e mulheres dispostos a intervir nos contextos da ilha de Ataúro. Vislumbra-se nessa proposta para Ataúro, um intenso processo de mobilização em que se fortalecem as redes de entidades e movimentos vinculados às lutas dos jovens timorenses, e aprofundam-se as reflexões teórico-metodológicas do trabalho de educação ambiental na perspectiva de formação de sujeitos sensibilizados com a importância de sua cultura e de sua sociedade.
Oferecer ao pescador timorense aulas de biologia marinha, sensibilizando-o da importância da vida marinha e das possibilidades de exploração sustentável dos recursos marinhos.
Os cursos funcionarão no Centro de Convivência do Pescador, serão gratuitos para os filhos dos pescadores.
4. Centro Gastronômico de Ataúro
Esse breve revisitar de algumas das estratégias e ações para Ataúro, longe de querer dar conta de toda a complexidade que envolve a intervenção do homem com a sociedade que o acolhe, nos indica alguns caminhos para a efetivação de nosso trabalho nos tempos vindouros. O centro gastronômico de Ataúro é mais uma aposta para acolher o cidadão. Se um povo reflete seu bem estar a partir dos alimentos que consome, busquemos nós divulgar a culinária da ilha de Ataúro. Um restaurante temático que vise oferecer aos visitantes um padrão gastronômico especializado no preparo de frutos do mar surge como uma nova oportunidade de revitalizar a sociedade timorense que habita na ilha e também aos visitantes que buscam conhecer os sabores que esta pequena parte do Timor-Leste pode oferecer.
O Centro Gastronômico funcionará no Centro de Convivência do Pescador e abrigará também um restaurante temático, além de cursos de técnicas de conservação de peixes, beneficiamento do pescado para agregar valor ao produto e cursos de culinária tradicional e internacional.
5. Centros de piscicultura na modalidade “pesque e pague”
As ações afirmativas também ganham mais força nessa proposta, e fortalece-se a perspectiva de tê-las como alternativa às políticas desenvolvimentistas do turismo de massa e da pesca industrial. Ao cultivo de peixes em cativeiro, seja em terra firme, seja em gaiolas no mar do Timor, e implementação de práticas turísticas para pescadores amadores, na modalidade “pesque e pague”, acrescem-se as idéias e práticas voltadas para o turismo comunitário e constitui-se o cenário para a realização da indústria de piscicultura da ilha de Ataúro.
Os centros de piscicultura serão construídos em terras particulares, dos pescadores, e no mar do Timor, com subsídios do governo e outras instituições internacionais, mediante estudo prévio do local.
6. Práticas de esportes para turistas
É o tempo do alargamento da ação pela exigibilidade de direitos: Montanha, planície e mar, dádivas da natureza a serem exploradas pelo homem. A proposta para Ataúro se articula com sujeitos de outros campos, nos esportes, numa perspectiva mais ampla do ponto de vista da compreensão e das estratégias. Ao turista de todas as idades amante dos esportes radicais, vislumbra-se na ilha de Ataúro a formação de cursos de mergulho, de passeios por trilhas a pé ou de bicicletas, de práticas de montanhismos, enfim de ecoturismo em geral. Desse modo, vai se destacar a conformação de alianças com as populações tradicionais da ilha, dentre outros movimentos. A sistematização e realização de atividades de práticas de esportes para turistas, como mergulho, passeios ecológicos a pé e de bicicleta, montanhismo, ralis, rapel e trilhas ecológicas, estará diretamente relacionada ao funcionamento do CCP. Esses produtos serão oferecidos pelos próprios pescadores e seus familiares através de um stand de atendimento ao turista no CCP.
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
A partir dos acúmulos dessas vivências, evidencia-se cada vez mais a necessidade de sistematizar e construir conhecimentos. Neste sentido, as experiências de enfrentamento da educação ambiental, seja na redução da vida marinha, no tratamento da água, na construção de ambientes seletivos, de áreas de preservação, de parques nacionais, temas vão ganhar destaque nessas elaborações da proposta de desenvolvimento para a ilha de Ataúro.
REFERÊNCIAS:
Estratégias para manejo de recursos pesqueiros em mamirauá/editado por Helder L. Queiroz, William G. R. Crampton – Brasília: Sociedade Civil Mamirauá: CNPq, 1999.
Cruz, João Frederico G. Produz Amazonas. Manaus: Editora Grafisa, 2007.
Erivelto Rodrigues
Biólogo membro da Cooperação Internacional Brasil/Timor-Leste, atuando no Instituto Nacional de Formação Profissional e Contínua , na capital timorense, Díli, Timor-Leste.
teixeiraer@yahoo.com.br +670 741 11 10
INTRODUÇÃO
Este artigo é uma proposta de desenvolvimento sustentável para os habitantes da ilha de Ataúro, em Timor-Leste. Consiste em uma série de ações multiplicadoras que visem despertar no público-alvo primordial, o pescador, a sensibilização sobre as fontes alternativas de renda que podem existir, a serem exploradas na ilha de Ataúro, bem como, despertar neste, o sentimento de cooperativismo. Levando à união da classe dos pescadores, para buscar reivindicar em grupo, soluções para problemas do cotidiano das populações tradicionais da ilha de Ataúro. Oferecem-se propostas que busque integrar a população de Ataúro aos programas de desenvolvimento do governo de Timor-Leste, um país que busca na integração, a solidificação da nação.
O Timor-Leste, é a mais nova nação do mundo, possui um território estimado em 15.000.000 km2, localiza-se na metade leste da ilha de Timor, a outra metade é um estado indonésio. Possui ainda um enclave dentro do território indonésio chamado de Oecussi, a oeste da ilha, com 815 mil Km2. O Timor- Leste possui também duas ilhas, uma a norte de Díli, chamada de Ataúro, com 141 mil km2, e outra na ponta leste do país, a ilha de Jaco, com 11 mil km2.
Apesar de ser um país pequeno territorialmente, possui uma população estimada em 1 milhão de habitantes. A riqueza étnico-cultural de Timor-Leste é bem singular entre as dezenas de grupos sociais, crenças religiosas e idiomas que o compõem, contribuindo para a cor e riqueza cultural do povo timorense.
A maioria da população timorense se dedica à agricultura, essencialmente orientada para o consumo interno, o que se classifica como agricultura familiar de subsistência, com o café como o grande potencial de exportação da nação. Entretanto, a atividade pesqueira ainda é responsável pela fonte de renda e alimentação de muitas famílias, principalmente na ilha de Ataúro. Igualmente começa a se destacar o emergente setor do turismo, calcado principalmente na localização do país, que está próximo do maior centro turístico do sudeste asiático na atualidade, a ilha de Bali, na Indonésia.
Nossa proposta visa à concretização de políticas de desenvolvimento sustentável que levem à abertura de novos caminhos para a efetiva cidadania do povo de Ataúro, em especial dos timorenses que sobrevivem da pesca artesanal. Com essa cidadania efetivada, buscamos excluir os limites que a colocam apenas como um conjunto de regras legais mediadoras de um contato entre o homem timorense e suas autoridades constituídas.
Formar o cidadão implica no despertar de seus direitos e deveres, consciência compartilhada por poucos na atualidade. O fortalecimento da cidadania de um povo está centrado na mobilização da população contra as desigualdades sociais, típicas de uma nação em desenvolvimento. Essa proposta é um pequeno passo na construção de uma nação mais justa, um lugar verdadeiramente democrático, marcado pelo direito à liberdade e à diversidade, centrado na busca pela sustentabilidade da ilha de Ataúro, em Timor-Leste.
Ao sensibilizar o homem de Ataúro em seus brios que almejam um futuro mais digno a seus filhos, vislumbra-se, então, nessa nova noção de cidadania um princípio norteador de sua ação, almeja-se ao intervir na ilha de Ataúro alterando o cotidiano de seus habitantes, atuando junto a outras organizações, fóruns e redes nacionais e internacionais, comprometidos com a transformação social.
Justificativa
Nossa trajetória está sendo traçada no que de verdade existe na ilha de Ataúro. Sem a necessidade de buscar no mundo externo uma fonte de subsistência. Nossa idéia é de um novo tempo, não como algo que nos governa, mas como algo que tecemos a partir de nossos próprios anseios. Usufruir tudo que a natureza nos proporciona em benefício do ser humano, sem que com isso seja necessário colocar em risco o meio ambiente. Este meio é o fio norteador de uma política de desenvolvimento sustentável cujo alicerce é o cidadão de Ataúro. Ao construir nossa trajetória, revisitamos nossa história como nação livre, quem somos e onde vivemos. Delimitamos todo o potencial de desenvolvimento que a ilha de Ataúro possa oferecer e os caminhos que podem se abrir para fortalecer a busca pela sustentabilidade de Ataúro. A Estação Missionária “Estação da Vida” está a frente deste projeto, por entender os anseios das populações tradicionais da ilha, e suas dificuldades em buscar fontes de renda alternativas. Essa proposta para Ataúro foi desenvolvida pelo biólogo brasileiro Erivelto Rodrigues, membro da Cooperação Internacional Brasil/Timor-Leste, atuou em seu país de origem com a Colônia de Pescadores Z-33, e na Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais do Amazonas, e no plano de monitoramento de elasmobrânquios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente.
Objetivo Geral
Oferecer à população de Ataúro ações mutiplicadoras de integração da sociedade com o homem, através da construção de um museu e de um centro de convivência para os pescadores.
Objetivos Específicos
1. Reconstruir a história da população de Ataúro, a memória do exílio da ilha, e retratá-la em um local propício, o Museu do Homem de Ataúro;
2. Integrar a colônia de pescadores de Ataúro, com a construção do Centro de convivência do pescador, e oficinas de consertos de motores de barcos e carpintaria;
3. Oferecer no Centro de Convivência do Pescador cursos livres de formação de jovens guias turísticos para a ilha de Ataúro e de educação ambiental com ênfase em biologia marinha;
4. Criar o Centro Gastronômico de Ataúro, no Centro de Convivência do Pescador para oferecer à população cursos de técnicas de conservação de peixes, agregando valor ao pescado, montar um restaurante comunitário especializado em frutos do mar e seus derivados;
5. Buscar subsídios para desenvolver pequenos centros de piscicultura na modalidade “pesque e pague” e na criação familiar do pescado;
6. Sistematizar e realizar atividades de práticas de esportes para turistas, como mergulho, passeios ecológicos a pé e de bicicletas, montanhismo, ralis, rapel e trilhas ecológicas;
7. Realização da regata ecológica entre os pescadores.
O PLANO DE TRABALHO
1. Museu do Homem de Ataúro
O etnoconhecimento é uma das ferramentas principais para se resgatar a história de um povo. Esse é um tempo em que a questão da identidade socio-cultural do homem emerge como fator determinante na perpetuação da história de um povo, colocando para o povo de Ataúro um desafio na intensificação de sua ação em torno do reconhecimento do passado do homem de Ataúro, fortalecendo a produção de novos conhecimentos.
É o tempo, também, de ao fazer a retrospectiva dos sonhos e das realidades de um povo, buscar suas perspectivas, ao avançar no debate sobre o futuro que o homem de Ataúro espera para seus descendentes, como fruto de reflexões do passado e de ações no presente em torno das relações de gênero e a participação política em um futuro vindouro.
O estudo do etnoconhecimento será centrado nas populações tradicionais, através de questionários e entrevistas. Buscando em depoimentos e testemunhos dos habitantes da ilha, um retrato preciso do perfil do homem de Ataúro, seu passado e seu presente. Esse material será transformado em pôsteres, filmes e fotografias.
2. Centro de convivência do pescador
A consolidação das atividades econômicas que impactam sobre o desenvolvimento sustentável, faz emergir novas questões sociais e políticas, que simplificam o pensamento e a prática da implementação de novas idéias, de novos caminhos para o pescador timorense.
Nesse contexto, o fortalecimento da pesca e da organização comunitária vinculada à garantia dos territórios, passando a envolver, também, o enfrentamento do ecoturismo. A construção de um local de referência para o pescador cria uma identidade profissional, que aproxima as pessoas, que as faz discutir e lutar por anseios comuns a toda uma classe de profissionais. O centro de convivência do pescador será marcado por um intenso fortalecimento de sujeitos coletivos, como a consolidação da formação de uma colônia para pescadores e de movimentos nacionais construídos, sobretudo, a partir do monitoramento de políticas públicas de desenvolvimento, e das ações estatais de fomento à indústria pesqueira.
O Centro de Convivência do Pescador – CCP será montado numa antiga instalação pública já existente na ilha de Ataúro, que será reformada para abrigar a Colônia de Pescadores, o Museu do Homem de Ataúro, o Centro Gastronômico e as salas de aula para os cursos livres e um stand de atendimento ao turista.
3. Cursos livres de formação de jovens guias turísticos e de biologia marinha
É tempo de buscar um novo futuro a nossos jovens de Ataúro, oferecer-lhes uma perspectiva de futuro, de sonhar, de realizar anseios, de fixá-los na sua terra natal, a ilha de Ataúro. Os cursos de formação de jovens guias turísticos prezam pela multiplicidade de ações e sujeitos: organizações, pessoas, homens e mulheres dispostos a intervir nos contextos da ilha de Ataúro. Vislumbra-se nessa proposta para Ataúro, um intenso processo de mobilização em que se fortalecem as redes de entidades e movimentos vinculados às lutas dos jovens timorenses, e aprofundam-se as reflexões teórico-metodológicas do trabalho de educação ambiental na perspectiva de formação de sujeitos sensibilizados com a importância de sua cultura e de sua sociedade.
Oferecer ao pescador timorense aulas de biologia marinha, sensibilizando-o da importância da vida marinha e das possibilidades de exploração sustentável dos recursos marinhos.
Os cursos funcionarão no Centro de Convivência do Pescador, serão gratuitos para os filhos dos pescadores.
4. Centro Gastronômico de Ataúro
Esse breve revisitar de algumas das estratégias e ações para Ataúro, longe de querer dar conta de toda a complexidade que envolve a intervenção do homem com a sociedade que o acolhe, nos indica alguns caminhos para a efetivação de nosso trabalho nos tempos vindouros. O centro gastronômico de Ataúro é mais uma aposta para acolher o cidadão. Se um povo reflete seu bem estar a partir dos alimentos que consome, busquemos nós divulgar a culinária da ilha de Ataúro. Um restaurante temático que vise oferecer aos visitantes um padrão gastronômico especializado no preparo de frutos do mar surge como uma nova oportunidade de revitalizar a sociedade timorense que habita na ilha e também aos visitantes que buscam conhecer os sabores que esta pequena parte do Timor-Leste pode oferecer.
O Centro Gastronômico funcionará no Centro de Convivência do Pescador e abrigará também um restaurante temático, além de cursos de técnicas de conservação de peixes, beneficiamento do pescado para agregar valor ao produto e cursos de culinária tradicional e internacional.
5. Centros de piscicultura na modalidade “pesque e pague”
As ações afirmativas também ganham mais força nessa proposta, e fortalece-se a perspectiva de tê-las como alternativa às políticas desenvolvimentistas do turismo de massa e da pesca industrial. Ao cultivo de peixes em cativeiro, seja em terra firme, seja em gaiolas no mar do Timor, e implementação de práticas turísticas para pescadores amadores, na modalidade “pesque e pague”, acrescem-se as idéias e práticas voltadas para o turismo comunitário e constitui-se o cenário para a realização da indústria de piscicultura da ilha de Ataúro.
Os centros de piscicultura serão construídos em terras particulares, dos pescadores, e no mar do Timor, com subsídios do governo e outras instituições internacionais, mediante estudo prévio do local.
6. Práticas de esportes para turistas
É o tempo do alargamento da ação pela exigibilidade de direitos: Montanha, planície e mar, dádivas da natureza a serem exploradas pelo homem. A proposta para Ataúro se articula com sujeitos de outros campos, nos esportes, numa perspectiva mais ampla do ponto de vista da compreensão e das estratégias. Ao turista de todas as idades amante dos esportes radicais, vislumbra-se na ilha de Ataúro a formação de cursos de mergulho, de passeios por trilhas a pé ou de bicicletas, de práticas de montanhismos, enfim de ecoturismo em geral. Desse modo, vai se destacar a conformação de alianças com as populações tradicionais da ilha, dentre outros movimentos. A sistematização e realização de atividades de práticas de esportes para turistas, como mergulho, passeios ecológicos a pé e de bicicleta, montanhismo, ralis, rapel e trilhas ecológicas, estará diretamente relacionada ao funcionamento do CCP. Esses produtos serão oferecidos pelos próprios pescadores e seus familiares através de um stand de atendimento ao turista no CCP.
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
A partir dos acúmulos dessas vivências, evidencia-se cada vez mais a necessidade de sistematizar e construir conhecimentos. Neste sentido, as experiências de enfrentamento da educação ambiental, seja na redução da vida marinha, no tratamento da água, na construção de ambientes seletivos, de áreas de preservação, de parques nacionais, temas vão ganhar destaque nessas elaborações da proposta de desenvolvimento para a ilha de Ataúro.
REFERÊNCIAS:
Estratégias para manejo de recursos pesqueiros em mamirauá/editado por Helder L. Queiroz, William G. R. Crampton – Brasília: Sociedade Civil Mamirauá: CNPq, 1999.
Cruz, João Frederico G. Produz Amazonas. Manaus: Editora Grafisa, 2007.