COMO TRABALHA A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL BRASILEIRA EM TIMOR-LESTE?




A Capes, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação é a agência brasileira responsável pela Cooperação Internacional Brasileira em Timor-Leste, na área de educação, e funcionou na temporada 2008/2009, a penúltima antes de sairmos de vez deste país, com 46 professores, apesar de no edital constar 50 vagas, mas a Capes teve dificuldade em preencher vagas para as ciências exatas. Estes professores foram divididos em quatro projetos: Procapes, Pós-graduação, Profepi e Elpi, todos sob coordenação do Professor Dr. Fernando Spagnolo. A Atuação é na Universidade Nacional Timor Lorosa’e e no Instituto Nacional de Formação Profissional e Contínua, na elaboração de livros didáticos em língua portuguesa, além de projetos financiados através da Embaixada do Brasil, na cidade de Dili, a capital nacional. A atuação no interior do país ocorreu do final de julho até meados de setembro de 2008, nos distritos de Ainaro, Baucau e Maliana, com o Curso de Capacitação de Professores de Matemática e Ciências Naturais, para que os professores timorenses pudessem ministrar aulas em língua portuguesa em substituição ao bahasa indonésio e à língua mãe, o tétum, seguindo o que propõe a constituição do Timor-Leste.
Para a última etapa do acordo Brasil/Timor-Leste, que iniciará no segundo semestre de 2009, foram reduzidos os números de vagas em alguns projetos, como o Procapes, e em outros projetos houve um acréscimo de vagas, como na Pós-graduação e no Elpi. Mas o total de professores continua inalterado, 50.
Entre as grandes dificuldades de nosso trabalho, que tem o objetivo principal de reintroduzir a língua portuguesa no Timor-Leste, excluída durante a invasão indonésia, está no fato de que a grande maioria dos habitantes deste país desconhecer o português. Quando viemos para o Timor-Leste, a opinião de todos era de que não teríamos nenhum tipo de dificuldade de comunicação, pois estávamos vindos a um país lusófono, mas logo que buscamos um hotel, descobrimos que se não tentássemos nos expressar em inglês ou até mesmo mímicas, não conseguiríamos nos comunicar com os funcionários do estabelecimento. Esse fato se agravou à medida que fomos descobrindo que apesar de o país ter no tétum e no português suas línguas oficiais, o inglês e o bahasa indonésio ainda estão mais presente que a língua portuguesa. Nos bancos, as línguas são o inglês e o bahasa, isso se repete nos comércios em geral, inclusive os clubes noturnos, uma decepção, ou um indício de que o trabalho aqui seria mais complicado do que nós imaginávamos.
Vieram então os subprojetos, financiados pela Embaixada do Brasil, a fim de ajudar na divulgação da língua portuguesa. Entre os projetos de melhor retorno estão os corais infantis, os grupos de teatro, as oficinas e um programa na rádio da Universidade Nacional Timor Lorosa’e.
Sobre a Rádio Brasil, como se denominou o programa, a programação tenta abranger os diversos ritmos musicais do Brasil: samba, forró, MPB, Rock, Axé, etc. E também são apresentadas diversas vinhetas com informativos de utilidade pública, língua portuguesa e explicações sobre a vida e a obra de alguns intérpretes brasileiros. Como a radiocomunicação é um veículo de massa, este tipo de mídia funciona como um divulgador da língua portuguesa e da cultura brasileira para diversos ouvintes no dia-a-dia em Timor Leste e também pelo mundo pela internet.
Colaborou no texto o Professor Davi Borges de Albuquerque, Graduado em: Letras - Português do Brasil como Segunda Língua - UnB - Universidade de Brasília (albuquerque00@hotmail.com)

Postagens mais visitadas