Timor-Leste: uma história de vida

por Murilo Marinho de Castro Lima
Um grande amigo!
Doutorando e professor da cooperação brasileira em Timor-Leste no período de 2007 a 2009


A primeira vez que ouvi falar sobre o Programa de Qualificação e Ensino de Língua Portuguesa (PQLP/CAPES) em Timor-Leste foi em 2005, através de um anúncio do Jornal Hoje, assim que vi o anúncio fiz minha inscrição no programa, que naquele ano teve mais de 17000 candidatos e eu não chamado se quer para entrevista. Em 2007, em abril, quando entrei no site da UFBA vi o anúncio do processo seletivo, naquele momento algo me dizia que era a minha chance de ingressar no programa, no dia 19 de junho de 2007 recebi um e-mail de convocação para entrevista e logo em seguida um e-ticket de ida e volta de Salvador para Brasília. Sai da entrevista com uma certa certeza de que seria selecionado e foi o que aconteceu.
Cheguei em Timor-Leste no dia 24 de julho de 2007, após uma longa viagem que se iniciou em Brasília, passando por Santiago do Chile, Auckland (Nova Zelândia), Sydney e Darwim (Austrália). Chegamos num período um pouco conturbado em Timor devido a eleição de Xanana Gusmão como premier do país, naquele momento havia uma grande resistência por parte da FRETLIN (Frente Revolucionária Pela Libertação de Timor-Leste) e nos primeiros dias tivemos de nos trancar no Hotel.
Passei a integrar o grupo da Pós-Graduação na UNTL, sendo posteriormente alocado também no Instituto de Formação para atuar no curso de Bacharelato em Química. Trabalhar com o timorense era uma grande satisfação, eles tinham um enorme respeito pelo trabalho. Andando pelo Timor dava pra se sentir um enorme carinho que eles sentiam por nós, que éramos chamados de Malae (que significa extrangeiro). Tive a oportunidade de conhecer vários distritos além Díli (Liquiça, Bobonaro, Maliana, Ainaro, Manatuto, Baucau, Lautem, Aileu, Manufahi e Viqueque), cada visita era uma emoção diferente e uma história diferente.

O fundamental mesmo foi viver um pouco a vida dos timorenses, um povo que passou por uma das piores catástrofes da história recente. Para lembrar, em 1975 a Indonésia invadiu o Timor-Leste e permaneceu no país por 24 anos, espalhando terror durante 24 anos de uma ocupação brutal e impiedosa que dizimou mais de 1/3 da população do país.
Em julho de 2008 retornei ao Timor-Leste após estadia de um mês no Brasil, integrei o programa da Pós-graduação e participei também do PROCAPES, sendo formador na área de matemática no distrito de Ainaro e de Química no curso de Bacharelato de Emergência.
Timor-Leste fica na lembrança, é incrível como uma pequena porção de Ilha pode marcar tanto a vida de professores brasileiros. Trabalhar em Timor-Leste me abriu as portas pra conhecer outros países: Austrália, Indonésia, Singapura, Malásia, Tailândia, Vietnã e Camboja. A cada país visitado uma experiência incrível diferente.

Murilo Marinho de Castro Lima é paulista-baiano, farmacêutico e professor de Química. Concluiu o curso de Mestrado em Química em 2007 na Universidade Federal da Bahia. Participou por 2 anos da Missão CAPES/Timor, desempenhando atividades nos programas PROCAPES, onde atuou nas duas turmas de Bacharelato em Química, na elaboração de um livro e na Capacitação dos Professores de Ainaro. No programa PG-UNTL, lecionou 5 disciplinas na PG, 12 disciplinas na Graduação, orientou 5 estudantes de IC e 3 de Pós-Graduação, ministrou 2 cursos de formação em Química, participou de 20 bancas de defesa de Monografia e publicou um artigo em revista. Atualmente faz doutorado em Química na Universidade Federal de São Carlos, atuando na área de Ressonância Magnética Nuclear.

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