Uma só ilha, um só povo....uma só nação!
Nesses meus últimos dias em terras Maubere, resolvi viajar por toda ilha do Timor. Comprei uma passagem para conhecer o lado indonésio, fui até as cidades de Atambua, Kefa, Soe e Kupang.
O LADO LESTE
Ao percorrer de Díli até a fronteira me deparei com paisagens de rara beleza, pessoas de pele morena, caracterítica do povo timorenese, casas sagradas, construçôes de bambu e a simples vida no campo. Plantações, extrativismos de madeira, venda de frutas como tangerina e banana, mulheres idosas com a boca vermelha como se fosse sangue...na verdade elas mascavam folhas e sementes alucinógenas com cal.
A FRONTEIRA
Existe todo um procedimento para se atravessar a fronteira do Timor-Leste com a Indonésia. Primeiro todos se apresentam a um posto do exército com três a quatro soldados, que anotam seu nome e seu passaporte. Em seguida, todos caminham em direção da imigração, onde seu passaporte é carimbado. Novamente todos sobem nos veículos e partem para os postos indonésios, poucos metros a frente... lá na fronteira com a Indonesia, vocë preenche o formulário próprio do país no posto de imigração e como tenho passaporte de serviço, alguns trâmites são dispensados a mim. Do outro lado da fronteira mudamos de transporte, o microônibus que havia me levado a fronteira retorna e pego um outro da mesma empresa que seguirá pelas estradas indonésias.
O LADO OESTE DA ILHA
A paisagem em terras indonésias sofre pequenas transformações. As casas ainda são construídas comm bambu, mas já se observa acabamentos melhores, principalmente nas janelas. Uma coisa curiosa dos dois lados da fronteira, a presença de pessoas trajando agasalhos de frio dignos de zero grau. Isso em um calor escaldante, pois o clima é o mesmo nos dois lados da fronteira. Acho que as pessoas aqui tem medo que o sol escureça ainda mais suas peles...não sei, pode ser somente impressão.
AS CIDADES INDONÉSIAS
Fico me perguntando porque estes dois mundos em uma ilha tão pequena...a aparência das pessoas me mostra que continuo com o mesmo povo, a natureza continua também a mesma...as crenças animistas ainda estão lá...veladas e inperceptíveis à igreja católica... uma coisa mudou: o idioma. Mas, isso não é motivo de separação, afinal, em Timor-Leste são mais de 15 dialetos.
Atambua, a primeira cidade indonésia que encontrei, parece desfrutar dos mesmos probloemas de Díli, de saneamento e estrutura. Mas, já se observa construções mais e melhores acabadas. Kefa e Soe são cidades bem menores, mas que igualmente desfrutam da religiosidade dominante, crianças e jovens se dirigem às igrejas, alguns levando Bíblias.
Perto de 12 horas após sair de Díli, chego a meu destino final, Kupang, uma cidade bem maior do que Díli e bem mais estruturada, tanto em termos comerciais, com um street shopping, Flaborama mall, e muitos comércios, desde rede mundiais de fastfoods como o KFC, até rede de lojas de departamentos indonésios como a Ramayana, e muitos bancos.
As cidades indonésias são bem mais baratas do que Díli, come-se muito bem em restaurantes de luxo como o Kristal Restaurant pagando menos de dez dólares, ou em restaurantes de comida regional, como Nasi Goreng, que em Díli custa perto de cinco dólares no Tropical Vila Verde, aqui se paga menos de um dólar, eu comi Nasi Goreng do lado do Hotel Brenton, na Jalan Timor Raya, por sete mil rupias, em uma cotação de 10.330 rupias por cada dólar.
Trocar dólares em dias úteis, é sempre mais vantajoso ir a bancos como o Mandiri Bank, alguns bancos não aceitam notas de dólar que estiverem dobradas ou com vinco, não sei porque..só sei que é assim.
A noite e nos finais de semana, só é possível trocar dólares em lojas como a Sahabat Pasar raya Center, ou S.P.C., essa sigla lhe elembra alguma coisa no Brasil...
O tranporte em Kupang ocorre em sua maioria através de motos, você diz onde deseja ir e os motoboys cobram entre 0,50 e 2 dólares. Do Hotel Brenton, um quase hostel, que estive hospedado até o shopping, pagava sempre um dólar.
A noite de Kupang oferece de tudo, casas de massagens, discotecas e bares com karaokê e sinuca, sempre com reços bem convidativos, a cerveja bintang de garrafa de 600mL custa 30.000 rupias, ou seja, perto de três dólares. Em Díli, o One More Bar vende a mesma bitang a seis dolares.
As pessoas continuam sendo as mesmas, com pequenas mudanças de comportamentos, ainda lhe chama de mister pelas ruas, isso indica que se reconhecem como povo e qualquer uma outra pessoa com um outro tom de pele, logo é percebida com estrangeira. Kupang tem pelo menos o dobro do tamanho de Díli, mas tem graves problemas de transporte, aqui como em Díli, as mikrolets continuam a fazer a festa.
Isso é a ilha de Timor, com uma grande barreira imposta pelo homem, que insiste em segregação. A burogracia para passar de novo pela fronteira é incrível, o Timor-Leste faz questâo de mostrar que é uma nação independente. Chegará um dia em que o Timor-Leste continuará a ser uma nação idenpendente mas sem separar seus povos entre continas de vidro.