ALERGIAS

Novos avanços na genética são esperança para asma.

Medicamentos personalizados para doentes podem beneficiar meio milhão de portugueses. A procura de medicamentos personalizados é uma das metas do estudo do mapa genético do ser humano.
Um grupo de investigadores norte-americanos encontrou 12 genes que determinam uma maior capacidade de os asmáticos responderem a um dos medicamentos mais utilizados para tratar a doença.
Em Portugal, há 500 mil pessoas que sofrem desta doença incurável e, alguns casos, muito incapacitante.
No entanto, Agostinho Marques, diretor do Serviço de Pneumologia do Hospital de S. João, relativiza ao JN a importância desta descoberta, uma vez que não constitui uma novidade.
Além disso, a asma é uma doença decorrente de um cruzamento de muitos e fatores, tanto genéticos como ambientais.
Segundo disse, os avanços na área da genética são muito importantes, mas convém não esquecer que há milhares de variações possíveis num só gene e que, mesmo que o indivíduo tenha propensão genética, pode não desenvolver a doença.
Depois, lembra, só quando ocorre a primeira crise caracterizada por tosse e grande dificuldade em respirar (que se assemelha a uma chiadeira) é que o doente sabe que sofre de asma.

Ataques agudos

A equipa de investigadores norte-americanos encontrou variações genéticas que afetam a forma como cada doente asmático responde ao tratamento com um medicamento (albuterol), que é prescrito para controlar os ataques mais agudos e que existe também em forma de inalador, que os asmáticos costumam ter sempre consigo.
A identificação dos genes que afetam a forma como uma determinada pessoa responde a um medicamento ajudará os médicos a adaptarem as prescrições caso a caso, explica Stephen B. Liggett, investigador da Escola de Medicina da Universidade de Cincinnati, responsável pelo estudo.
"Este é um passo em direção a uma medicina personalizada", afirma Liggett.
No entanto, o especialista português Agostinho Marques mostra-se mais céptico e lembra que ainda estamos muito longe de conseguir elaborar medicamentos personalizados, que ataquem apenas uma determinada doença, sem afetar outros órgãos.
Incurável, mas controlável com medicação
A asma não tem cura mas pode ser controlada, com medicação diária, ao longo de toda a vida, o que leva alguns doentes a desistirem da medicação.
De acordo com o especialista Agostinho Marques, um asmático com alguma gravidade tem de inalar corticóides, de manhã e à noite.
Numa situação de crise, deve recorrer ao inalador de albuterol e, em princípio, ao fim de dois ou três minutos, já está bem.
Os casos mais graves exigem uma dose extra de corticóides, sob a forma de comprimidos, que têm efeitos secundários graves, como deformações ósseas que podem conduzir à invalidez.
Num universo de meio milhão de doentes, 25 mil ficam incapacitados para trabalhar.
Os medicamentos para a asma são caríssimos (exceto o albuterol), mesmo com a comparticipação de 85%, o que leva o pneumologista Agostinho Marques a dizer que "há grandes interesses em torno desta doença".
Além dos medicamentos, "os doentes devem fazer desporto", incluindo as crianças, que não devem ser dispensadas de praticar Educação Física na escola, não fumar, evitar contato com pelos (animais), dispensar as alcatifas e as carpetes (por serem verdadeiros depósitos de pó) e mudar a cama e expirar os colchões frequentemente.
Os filhos de asmáticos devem ter também estes cuidados, já que, segundo o médico, têm mais possibilidades de ter asma.
Fonte: Jornal de Notícias

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